Jovem simplesmente jovem... Blog do padre frei Didier, oar.

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Jovem simplesmente jovem

domingo, 12 de agosto de 2012

Vocacional na pós-modernidade


POR: PE. GERALDO TADEU FURTADO, RCJ

          A espiritualidade está se tornando cada vez mais importante no mundo pós-moderno, especialmente nesse tempo de mudanças bruscas. É tema recorrente em nossa cultura, e o desejo de espiritualidade é grande, como afirma o Leonardo Boff. Ele diz que a espiritualidade não está só âmbito das religiões, e que devemos pensar em uma “espiritualidade humana” (BOFF, Espiritualidade, Sextante, 2001, p.11). Uma espiritualidade verdadeiramente cristã que diz respeito ao chamado à vida em todas as suas dimensões. Uma espiritualidade essencialmente vocacional! Espiritualidade e vocação são um binômio inseparável. Lembremos, pois, que pessoas com responsabilidade na economia e na política buscam por espiritualidade, e ela tem encontrado espaço nas organizações em geral, no mundo corporativo, especialmente. Mas qual espiritualidade? Falamos de uma espiritualidade inserida na consciência ética do respeito pelo outro, pela vida desde a sua concepção, na proteção e sustentabilidade de nossa Mãe Terra. Uma espiritualidade humana e dialógica, comunitária e menos intimista. Uma espiritualidade capaz de transformar as pessoas em seres super-humanos que transcendam a favor da solidariedade, da justiça, da paz e do amor universal. Falamos de uma espiritualidade vocacionada a defender a vida e a tornar as pessoas mais responsáveis umas pelas outras. Perguntamos pela espiritualidade praticada em nossas Paróquias e Casas Religiosas?
 Alguns desafios para se viver uma espiritualidade vocacional
           Vivemos tempos fortes, em uma cultura do descartável e da provisoriedade, quando o sentido da vida vem perdendo forças, quando a ternura e a bondade são sufocadas pela superficialidade e a emergência do ´aqui e agora´, do ´já´ sem passado e nenhuma perspectiva de futuro. Vivemos a ditadura do “não tô nem aí”. Por isso pessoas de todas as idades, vêm perdendo o sentido da vida e necessitam serem incluídas nesse novo mundo que vai surgindo.
          Não obstante a tudo, não queremos nos somar ao coro dos lamentosos e dos indiferentes. Estou convencido de que a prática da espiritualidade na vida das pessoas, na preparação e capacitação para o exercício dos vários serviços e ministérios, bem como nos treinamentos daqueles que atuam nos serviços públicos, privados e sociais, colocará pouco a pouco em desuso gestos arcaicos, e até ditatoriais, da não relação humana, do individualismo e de vários tipos de violência. Acredito que a espiritualidade é capaz de quebrar a ditadura da indiferença humana, da autossuficiência, da arrogância e da falta de solidariedade humana. Praticar a espiritualidade, a hospitalidade, a ternura e a comensalidade (uma das referências mais ancestrais da familiaridade humana), é uma questão vocacional, uma resposta ao chamado de Deus. Para enfrentar os desafios do mundo pós-moderno, deve-se pensar em uma espiritualidade vocacional que indique novos caminhos nas relações humanas. E, se é verdade que toda vocação nasce do batismo, ela deve ser cultivada no seio da família, da comunidade eclesial e, principalmente, por meio da inserção na realidade do mundo como um sinal profético.
 Espiritualidade é mais que práticas religiosas e crenças
           Hoje muitas organizações como, por exemplo, as empresariais, têm descoberto que seus colaboradores, “funcionários”, têm uma vida interior que é alimentada pela vocação do trabalho.
           Poderíamos nos perguntar: Em nossas organizações religiosas, Paróquias, Casas Religiosas, Obras Sócio-educativas e Institutos religiosos em geral, como se pratica e se vive a espiritualidade cristã? Lembremos, pois, que a espiritualidade é mais que determinadas crenças e práticas religiosas. As práticas religiosas, os ritos, as orações em geral, são mediações importantes que fortalecem a espiritualidade, que entretanto não se esgota aí.
          A busca pela espiritualidade tem crescido, particularmente no meio profissional, no mundo corporativo como um todo. No campo acadêmico esta busca por espiritualidade tem despertado inúmeros estudos. Podemos dizer que são reflexos do mundo pós-moderno, que serão positivos se forem convertidos para uma espiritualidade comunitária, encarnada e comprometida com a defesa da dignidade humana.
 É urgente praticar a espiritualidade vocacional no mundo pós-moderno
           A espiritualidade é uma das possibilidades de se obter um significado maior para a vida, a oportunidade de desenvolver potenciais e, de se realizar como ser humano emocional e intelectual. Outro dado importante ocorre nas relações interpessoais de amizade, cooperação e ajuda mútua; onde as pessoas podem se sentir inseridas em comunidades humanas que lhes permitam satisfazer necessidades de filiação e pertença. Ora, esta é uma questão essencialmente vocacional e que deve ser percebida em nossas comunidades.
           A Espiritualidade Cristã nos indica várias mediações para a sua prática. Dentre as mediações que fortalecem a espiritualidade encontramos o valor inestimável da leitura das Sagradas Escrituras, da oração e da meditação, da participação na Celebração Eucarística. Praticar a espiritualidade nesse mundo pós-moderno é urgente.
          Responder ao chamado de Deus, à própria vocação, é se questionar cotidianamente: Como estou? Como vai minha vida, minha oração, minha família, meu trabalho, minha pastoral, minha ação social, meu lazer? É necessário recriar uma espiritualidade vocacional que leve as pessoas ao discernimento e a redescoberta de sua vocação e missão neste mundo pós-moderno. É interessante destacar que o tema da espiritualidade aparece precisamente no momento em que o mundo reflete com maior profundidade sobre os seus compromissos éticos e morais na história da humanidade. Somos desafiados pela necessidade de ir mais fundo, de procurar em nossa espiritualidade o caminho e a resposta ao sentido da vida e na reconstrução de um mundo possível e solidário contra a falta de dimensão humana muito presente no século XXI. Peço licença a Viktor Franky, de saudosa memória, e afirmo que o ser humano precisa “dar conteúdo” ao seu sentido de vida.
           Desejo que na prática da espiritualidade você leitor seja discípulo missionário de Jesus Cristo, em sua comunidade, no seu trabalho, na sua ação social e no compromisso a serviço da vida. Paz!
Pe. Geraldo Tadeu Furtado, RCJ é Diretor-secretário do Instituto de Pastoral Vocacional (IPV), Responsável do núcleo de assessorias do Centro Rogate do Brasil e ministra cursos e retiros espirituais na ótica vocacional.
Site: www.rogate.org.br



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